Café
-É uma
péssima ideia...
-Eu
sei, mas o que eu posso fazer? Acabei de conseguir essa promoção, tenho que
adular mais um pouquinho.
Essa
conversa foi aos cochichos. Estávamos na casa do chefe dele, nós e mais dois
casais. O relógio na parede marcava mais de dez e meia da noite, mas a nossa
anfitriã ofereceu um café, e não pudemos dizer não.
A conversa
continuou rolando, apesar de ser quinta-feira, e teoricamente todos ali terem
que ir ao trabalho no dia seguinte. O café veio, quente, cheiroso, em xícaras
altas de porcelana. Percebi que ele
olhou desanimado pros colegas antes de pegar a própria xícara e a minha, olhar
esse que foi retribuído, mas que se desfez depressa, antes que o boss
percebesse.
Era
muito café, muito forte, e pra compensar, muito doce. Tudo que se precisa pra
uma boa noite de sono, cafeína e glicose. É óbvio que a dona da casa perguntou
se todos tinham gostado, e mais óbvio ainda que todos concordamos.
Bebemos
mais ou menos a metade, antes de finalmente meu marido pôr a xícara dele na
mesa, e apertar minha perna. Fiquei de pé no ato, antes que ele mudasse de
ideia.
-Já
vai? Tá cedo...-olhou pro grande relógio de parede da cozinha- Mentira, não tá
cedo, mas fica aí.
-Eu
realmente não posso, tenho que dormir pra chegar no horário amanhã, o senhor não
vai me querer atrasado.
-Hora,
para com isso, tirem uma folga todos vocês, que tal? Por minha conta.
Minha,
ou melhor, nossa sorte, foi que ele pensou rápido. A conversa tava uma chatice,
e a desculpa do horário não ia mais funcionar.
-Muito
obrigado, de verdade. Mas além do horário tem outra coisa. A previsão do tempo
deu chuva, se eu não me apressar vou acabar pegando alagamento no caminho pra
casa.
Foi a
deixa que todos precisavam pra levantar de supetão concordando, se despedindo,
falando que adoraram conhecer a casa, a comida, etc etc, e os casais irem o
mais rápido possível pra porta. Quando ela foi aberta, um vento forte e frio
veio bem a calhar, confirmando nossa história. Nós dois fomos os últimos a
sair, e atrás de mim, ele falou em direção à rua, bem alto, pra que os colegas
ouvissem:
-A
folga de amanhã ainda tá valendo chefe?
Todos
pararam pra ouvir a resposta.
-Tá,
tá valendo sim. Mas na próxima eu vou marcar na sexta-feira, e vocês não vão
escapar de jogar truco comigo até o nascer do sol. Até segunda!
-Até.
Boa noite!
Fomos pros
nossos carros, todos agradecendo meu marido pela desculpa e pela folga. Aos
cumprimentos e risadas, saímos pelo portão alto de grades pesadas.
Já na
rua, parecia que REALMENTE ia chover. O vento não parava, e as nuvens iam se
adensando depressa.
-O
papo da chuva era verdade?
-Pelo
visto São Pedro gosta de mim, e tá reforçando minha história.
E depois
de uma pausa:
-Pensando
bem não gosta tanto assim...
-Por
quê?
-Porque
agora eu tô aqui acelerado de cafeína, e não tenho como gastar...
Fez a
pausa e deixou a frase no ar, e é claro que eu peguei a deixa:
-Talvez,
quem sabe, eu possa te ajudar com isso. Tá batendo em mim também o efeito, e eu
posso precisar, assim...-estendi a mão pra perna dele e apertei, cravando as
unhas sobre a calça jeans-...de auxílio pra relaxar e ter uma boa noite de
sono...
O
carro parou no último sinal antes da nossa casa. Cheguei bem pertinho do ouvido
dele, dei uma mordida no pescoço, e outro apertão na perna:
-A
última coisa que quero sentir hoje antes de pegar no sono é esse caralho
gostoso pulsando dentro de mim...
O
sinal abriu, e ele arrancou. Continuei no mesmo lugar, dessa fez fazendo
carinho no volume que aparecia mesmo no jean grosso:
-Mas
antes disso, eu quero que você me coloque de quatro, ainda no braço do sofá da
sala, e me foda ali mesmo, o som do seu saco batendo na minha buceta melada
ecoando pela casa, me fazendo sentir seu pau indo fundo, bem fundo...
Dei
mais mordidas no pescoço, o portão se abria, e ele apertou o volante mais forte
com as duas mãos. O cacete duro se mexeu na minha mão, ainda preso.
-Depois
disso, a gente vai tomar banho, mas você vai me pegar por trás de novo, puxar
meu cabelo, me chamar de puta, e meter até eu pedir pra você parar...
O
carro subiu a rampa pra dentro da garagem, e ele girou a chave pra desligar.
-Mas
você não vai parar, vai me levar pro quarto, me jogar na cama, abrir bem minhas
pernas, e meter de novo, e de novo, tão forte que a cama vai bater na parede,
até que eu goze de novo pra você.
Peguei
a mão esquerda, da aliança, e coloquei no meu peito, e apertei.
-E
depois, sou eu que vou montar em você, pulando nesse caralho, com as suas mãos
bem aqui, me apertando, até você gozar pra mim, e eu cair cansada no seu peito,
e a gente dormir assim, colados, e trocando beijinhos com sabor de café.
Comentários
Postar um comentário