Ângulos - Jaqueline (Cap.11)
-A...Aqui
sua via senhora. Boa noite.
-Excelente
noite pra você também!
Ela
saiu cantando pneu enquanto o vidro elétrico fechava suave. Pelo menos
alguém nessa cidade tá se divertindo.
A
noite se seguiu sem nenhuma novidade, ia largar às onze, e mal podia me
aguentar em pé de cansaço, e também um pouco de enjôo com o cheiro da gasolina.
Peguei esse emprego meio que no susto, graças a indicação de uma amiga minha ao
gerente geral do posto. Eu e meu namorado queremos nos casar daqui uns oito
meses, e um emprego básico é melhor que nada.
Quando
deu umas dez e meia, o gerente de pista daquele turno me pediu pra segurar a
onda até onze e quarenta, me dando uma graninha extra pra quebrar essa por ele,
porque um dos frentistas da madrugada ia se atrasar. Pedi licença rapidinho pra
ligar pro meu namorado explicando tudo. Ele trabalha de vigia, e larga mais ou
menos em tempo de me buscar praticamente na hora que termina meu turno. Ele
insistiu em vir me buscar, mesmo eu dizendo que iria de ônibus sem problema,
que era pra ele ir descansar.
-Ah
claro, com certeza eu vou conseguir descansar bastante com você rodando de
ônibus a meia noite. Já já chego aí Jaque, beijo.
E
desligou na minha cara antes que eu tivesse tempo de revidar. Pouquinho tempo depois ele chegou, me deu um
beijo e uma cheirada no pescoço.
-Ah
não, eu tô fedendo a gasolina.
-Te
garanto que atualmente não existe perfume melhor que esse. Pelo menos não mais
caro.
Trocamos
mais um selinho, e voltei ao trabalho, deixando-o montado na moto esperando,
perto da conveniência do posto.Pouco tempo depois o atrasadinho chegou, para o
meu alívio, minhas pernas já não aguentavam mais. Antes de dar tempo pra que
alguém me pedisse alguma coisa, fui quase correndo pra moto. Ele entendeu na
hora, ligou o motor e me estendeu a mão com o capacete. Arrancou depressa, me
trazendo de volta à memória aquela dona da cara suja. Mas isso me fugiu
depressa da cabeça ao perceber a moto entrando por caminhos desconhecidos.
Gritei acima do vento:
-O que
você tá fazendo?
-Seria
loucura ficar parado em sinal de trânsito uma hora dessas, relaxa, não tô te
sequestrando.
-Que
pena.
Rimos
juntos, ele pilotando depressa, virou a cabeça um pouco pro lado pra que eu
ouvisse:
-Pega
o controle do portão no meu bolso, abre quando a gente tiver chegando.
Comecei
a tatearas coxas dele.
-Cuidado
pra não pegar no que não deve.
Tarde
demais. Mas tirei depressa a mão, eu tava com vontade, mas ao mesmo tempo muito
cansada, não ia dar conta MESMO. Peguei o controle bem na hora que ele fazia a
última curva. Abri o portão, e ele entrou direto, indo pra frente do nosso
quarto na vila. Acionei o controle outra vez, e o portão deslizou suave e quase
sem ruído de volta pro lugar.
Entramos
em casa e eu fui direto tomar um banho. Ele foi fazer uma boquinha antes de
dormir. Me esfreguei bem, aquele cheiro de combustível o dia inteiro me fazia
sentir imunda, sempre saía do banho toda vermelha, principalmente os braços, e
hoje não foi diferente. Quando eu tava
vestindo a camisola ele passou por mim pra banhar também (o único banheiro do
ap é no quarto), e me deu um apertão na bunda que me assustou.
-Não
vi você entrar!
-Da
próxima vez que eu entrar você com certeza vai ver...
Entrou
no banheiro e fechou a porta.O tom que ele falou me deixou tranquila, ele tava
tão cansado quanto eu, só não quis perder a deixa. Enxuguei o cabelo, apaguei a
luz e me deitei, mas não consegui dormir, a dor nas minhas pernas tava me
matando.
Fiquei
olhando pro teto e adivinhando seus movimentos através do barulho atrás da fina
porta do banheiro. O ouvi batendo o
barbeador na pia bem de leve, pois ia pegar no serviço de novo amanhã, e a empresa
exige cara lisa. Ouvi quando ele fechou o espelho, onde guarda os apetrechos de
barba, e não pude deixar de sorrir quando ele se precaveu em apagar a luz antes
de abrir a porta. Quando ele veio pro quarto, o cheiro de loção pós barba veio junto
com ele.
Fechei
os olhos e fingi dormir, mas não colou. Ele se sentou do meu lado da cama,
puxando minhas pernas por cima do colo.
-Vira
de bruços.
-Não
precisa, sério. Vem dormir.
-Vira
de bruços. E nada de vir com essa cara de “ninguém merece”.
-Quem
disse que...
-E eu
não tem conheço desde o ensino médio?
Acabei sorrindo pra
ele, antes de me dar conta que no escuro total ele não veria nada. Me virei
logo de bruços, e as mãos dele vieram como bálsamo nas minhas panturrilhas, nas
duas ao mesmo tempo. Senti meu corpo relaxando aos pouquinhos, e o
sono foi finalmente chegando,as mãos dele já estavam nas minhas coxas. Fechei
os olhos, o corpo todo meio que “soltando”, e aí veio.
Um
único dedo melado entre as minhas pernas, entrou suave, eu confesso que abri um pouco mais as pernas
antes de reclamar.
-Eu
disse que não...
-Não
vou fazer nada além disso, é só pra você relaxar ao máximo, prometo.
Ele
empurrou um pouco mais, e apertou meu ponto g, empurrando em direção à
cama.Subiu um choque por todo o corpo, espalhando calor. Me tremi todinha. A
outra mão dele me fez carinho no rosto.
-Só
mais um pouco...
Mexeu
o dedo, aumentando as sensações, me fez respirar ofegante, contrair todo o
corpo...
Parou.
Levantou, deu volta na cama e deitou do meu lado. Agora sim meu corpo tava realmente relaxado,
quase que embriagado. Ele passou o dedo
melado na minha boca, e eu chupei. Tateei no escuro procurando por ele, e
deitei em seu peito, ainda com o dedo dele na boca. A outra mão deu a volta e
me fez cafuné. Tava quase dormindo quando me lembrei de novo da mulher lá no
posto, e percebi porque ela havia sido tão marcante.
-Amor,
hoje uma cliente lá do posto me olhou de um jeito estranho.
-Estranho
como?
-Não,
não foi ruim, até gostei na verdade. Você falou do nosso terceiro ano, Lembra
daquela menina que estudava com a gente, a que usava óculos bem redondo?
-Entendi
porque você gostou, tá lembrando da lésbica. Como era mesmo o nome dela?
Realmente, vivia te olhando.
-Acho que era
Priscila.
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