Perfume

Temos uma festa pra ir, nós duas. É o segundo casamento do pai dela, meu sogro. Evento de gala, smoking pros homens, longo pras mulheres. Decido por um vestido vinho, com alça larga apenas num ombro, e com a gola bem-comportada, mas com uma fenda subindo pela perna até o meio da coxa. Ela vai ir de verde-musgo, com um decotão que me deixou entre enciumada e excitada. Eu sabia que devia ter dado uns chupões mais fortes antes de irmos às compras...

Estamos nos ajudando com as joias e com a maquiagem, e tentando não avançar uma na outra no meio do processo. Eu vou usar brincos redondos e uma pulseira de um dedo de largura, de ouro. Ela vai de gargantilha e brincos longos de ouro branco, um conjunto que eu dei de aniversário, com uma linda cintilação prateada. Eu de cabelo solto, ela com um coque alto, apenas com uns poucos fios emoldurando o rosto. As duas de scarpam preto. Nos olhamos lado a lado no espelho. Colo o corpo no dela, trocamos um sorriso enquanto acariciamos a bunda uma da outra. Óbvio, estamos sem calcinha, não podemos marcar o vestido.

Estendo a mão, pego o frasco de perfume. Borrifo nela primeiro, e depois em mim. Cheiramos o pescoço uma da outra, é uma tortura não poder beijar pra não borrar o batom. Nos viramos de costas uma pra outra, bunda com bunda e nos damos as mãos, de unhas (curtas) bem cuidadas com esmalte nude. Olho de relance pro relógio, como quem se pergunta se daria tempo de refazer a maquiagem. Como que pegando a deixa, o motorista buzina. Namorar a filha do noivo tem suas vantagens afinal.

Vamos ao carro, lindas e plenas. Qual não é nossa surpresa quando vemos que é A motorista. Olho pra minha Andreia e ela também está surpresa. Pelo visto meu sogro é mais atento do que parece. Ela chega a nós, de terninho. Confesso que tava bem gata, apertei um pouco mais a mão da Andreia, que correspondeu; ela também havia reparado no detalhe na mão da motorista. Sussurrou baixinho:

-Vanessa, você se comporte.

-Não fiz nada. Ou melhor, não fizemos nada. Não ainda...

-Senhorita Andreia, senhorita Vanessa, meu nome é Beatriz, e serei a motorista de vocês hoje. Vamos?

Voz cordial, formal, pontuada por acenos de cabeça, sorriso profissional. Ela foi na frente, nos abriu a porta, tudo como manda o figurino. Entramos na limusine ainda de mãos dadas. Duas batidas de porta depois, e estávamos a caminho.

Fiz questão de deixar a fenda na minha perna bem aparente, a coxa inteira à mostra. Coloquei a mão da Andreia sobre, e apertei. Trocamos um olhar, o meu de desafio, o dela de resistência. Aproximei a boca de seu ouvido, falei bem baixinho:

-Brinca comigo, temos plateia, e você gosta tanto quanto eu. Vem, sobe com esses dedinhos...

Senti a pressão na minha coxa aumentar. Deslizei pra cima dela, sentando em seu colo, ficando bem no foco do retrovisor. Escondi nossos rostos com meu cabelo. Ela entrou no jogo:

-Vamos devagar, temos todo o tempo do mundo, e nossa motorista gostosa merece um showzinho, ela foi tão educada...

-Ah, então você também gostou do que viu...

A frase se perdeu porque a mão dela foi na minha bucetinha, o polegar bem no clitóris. Tive um espasmo, ofeguei enquanto ela pressionava e esfregava devagar. Aquela boca me levou às nuvens apenas dizendo:

-Você vai gostar de saber, ela arrumou o espelho pra ver melhor...

Terminou a frase me enlaçando firme com a outra mão em torno do quadril, me aconchegando e afastando um pouco mais o vestido. Fez mais pressão.

-Você pediu por isso vadia, agora vai gozar pra mim. Ou melhor, pra nós. Se vira bem de frente praquela curiosa.

Girei, abrindo bem as pernas, me joguei no encosto do banco. Vi o vidro preto do meio do carro subindo. Andreia também viu:

-Nada de fechar, você não queria ver? Agora vai ver.

E começou a me tocar, com pressão, mas lentamente, me fazendo querer mais. Eu e a Beatriz trocamos um olhar pelo espelho antes de eu segurar o pulso da Andreia e mexer mais rápido. Ela seguiu meu desejo, e foi trazendo o prazer. Crescendo cada vez mais, enquanto o carro descrevia a última curva do trajeto. Fechei os olhos e gozei, pra mim, pra minha Andreia, pra Beatriz, o rosto em brasa e os pés frios, o corpo todo como que eletrizado...

Abri os olhos. O carro tava parado. Desci daquelas coxas que gosto tanto. Arrumei o vestido.

-Tem água no frigobar à direita

A voz de Beatriz não soou tão profissional assim ao dizer isso, por mais que ela tenha se esforçado. Andreia me deu a água, com um canudinho pra não borrar o batom. Ela mesma lambia os dedos melados. Bebi longos goles, relaxei. Busquei meu próprio reflexo no retrovisor, minha cor estava normal. Andreia não espera por Beatriz, e abre a porta. Descemos, fechamos, e o carro elegante desliza suave pela rua. Carregando consigo um pouco de nós.

Do nosso perfume

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