Adestramento - Identidade

Eu nem acredito que aceitei aquela proposta maluca, agora que paro pra pensar. Uma mulher que eu nunca vi pessoalmente, e que pode muito bem estar usando fotos de outra, mas que falou de um jeito, que quando dei por mim já estava na portaria do motel falando uma senha que ela me passou. Júlia disse que ia chegar depois, e que queria ser bem recebida. Qual a proposta? Me usar. Simples e direta. E isso não poderia ter mexido mais comigo.

Fui ao quarto que ela havia reservado, enorme. Passeei por todo o ambiente, procurando alguma pista do que me esperava. Até que me lembrei da hora. Faltavam dois minutos para as sete da noite. Se ela for tão pontual como diz, já deve estar no terreno do motel. Solto o cabelo, confiro meu reflexo em um dos vários espelhos. Descalço o salto. Puxo uma cadeira bem à frente da porta, de costas pra ela. Jogo meu cabelo por cima do encosto. Sete horas. Ouço o trinco se mover. Ela chegou.

A porta é trancada. Escuto um baque fofo no chão, como se Júlia tivesse largado um peso. Consigo ve-la pelos reflexos. Pele bem cuidada, maquiagem simples, terno preto, camisa branca, um lenço vermelho ao redor do pescoço fazendo as vezes de uma gravata. Clássica e elegante. Vejo que ela trouxe uma bolsa, foi isso que deixou cair logo ao lado da porta. Percebo que estou respirando alto demais e tento me conter. Isso é real. Está mesmo acontecendo. Ploc. Ploc. Ploc. O scarpan preto vem trazendo-a. Fecho os olhos, me concentro em não respirar alto demais.

Mãos suaves pousam em meus ombros. Unhas curtas, com esmalte branco. Sinto o cheiro de um perfume discreto e muito gostoso. Dou por mim apertando as coxas uma na outra. Uma das mãos desaparece. Abro os olhos. Ela está afrouxando a “gravata”. Trocamos olhares pela primeira vez através de um espelho. A outra mão vem até meu pescoço, pega firme no meu maxilar e empurra minha cabeça pra trás. Agora encaro Júlia de cabeça pra baixo.

-Então você teve coragem de vir, Cristina. Gostei da forma como me esperou.

Ela me elogiou afagando minha bochecha com o polegar. Fechei os olhos, deixei a cabeça pender naquela direção. Trinta segundos, e eu já estava assim, entregue.

Me esfreguei em sua saia, o som do pano pouco pode fazer para abafar o bater do meu coração ecoando em meus ouvidos. Júlia me acariciou um pouco, e depois se afastou deixando minha cabeça sem sustentação. Despertei do meu transe com suas mãos passando em volta do meu pescoço, e fazendo um nó em mim com o lenço. Me puxou por ele pra cima, me forçando a ficar em pé. Foi me conduzindo até uma cômoda em frente a mais um espelho. Ficou atrás de mim. Estendeu as mãos sobre a cômoda, as palmas pra cima e esperou. Mordiscou minha orelha.

Fiz carinho naquelas mãos. uma de cada vez. Depois nas duas ao mesmo tempo. Ela gostou, mas não era isso que queria. Projetou os pulsos pra cima e pra fora. Puxei a manga do paletó para trás, revelando as mangas de seda, com abotoaduras, e o relógio quadrado no pulso esquerdo. Tirei o relógio e as abotoaduras, deixando-as com cuidado ali na cômoda. Vi pelo espelho que ela aprovou meus movimentos. Puxei suas mãos até minha boca e beijei.

Júlia tocou meus pés com os seus. Desci do meu salto de imediato. Ela agora ficava um doze cm acima de mim, com a boca no alto da minha cabeça. Ela soltou suas mãos das minhas, e se afastou. Tirou o paletó, jogou pra um lado, displicente.

-Se mostre pra mim.

Tirei o vestido. Por baixo eu usava um conjuntinho azul-claro, de renda, a calcinha daquele tipo box, sem elástico. Olhei-a pelo espelho, apertei meus seios por cima do sutiã, e abri o fecho frontal. Me livrei dele, tirando com cuidado e deixando ao lado do relógio. O lenço vermelho entre eles, tão perfumado… Me fiz massagem de novo, de olhos fechados, usando apenas uma das mãos, e com a outra levei o lenço ao nariz e cheirei. Sentia o peso do olhar dela. Afastei as pernas, empurrei a calcinha pra baixo. Rebolei, mexendo as coxas pra calcinha cair.

Me virei para ela, fiz menção de andar em sua direção. Ela me sinalizou que parasse, e apontoo pro chão aos meus pés. Me curvei e peguei a calcinha. Coloquei na cômoda, e organizei o relógio e as abotoaduras em cima. Conferi olhando pelo espelho, Júlia gostou do que fiz. E agora sim, me chama até ela.

Fui, e enquanto me aproximava, ela apontou para fileira de botões da camisa. Percebi só agora, ela não usava sutiã, e seus bicos estavam durinhos, fiquei feliz e cheia de vontade. Estava olhando-os enquanto abria o primeiro botão, mas Júlia pegou meu queixo e me fez olhar para ela. Desci para o segundo botão, as costas das minhas mão roçando em seus seios que subiam e desciam suaves, ela estava totalmente calma, ao mesmo tempo em que eu já estava ofegante.

Percorri toda a camisa, puxando-a pra fora da saia para abrir o último botão. Terminado isso, subi com as mãos por sua barriga, devagar, parando nos seios. Apertei por um pouco, e escorreguei para fora, levando a camisa junto, sem deixar cair. Fui até o paletó, juntei, e andei até a cômoda, colocando tudo ali em cima. Voltei até Júlia, fiquei de frente pra ela, perto, muito perto. Ela subiu com uma mão pelas minhas costas, segurou meu cabelo. Vi seu rosto se aproximar do meu. Fechei os olhos…

Levei um tapa na cara. Pesado. Abri os olhos de dor e susto. A boca dela estava ao lado do meu ouvido.

-Nunca mais me toque sem permissão.

Não tive outra reação além de assentir com a cabeça. Parecia que havia acabado de correr uma maratona. Ela passou o polegar na minha bochecha.

-Vá pegar a bolsa

Obedeci, e ouvi-a indo até a cadeira onde a recebi. Levei a bolsa, enquanto ela se sentava de frente pra mim, as pernas cruzadas. Depositei a bolsa aos seus pés e fiquei ali na frente. Ela apontou para o seu lado direito. Quando cheguei, ela me abraçou pela cintura, me fazendo chegar mais perto. Pegou o lenço e puxou pra baixo, me obrigando a ficar de joelhos.

-Agora é hora de você assumir seu lugar. Como sou boazinha, vou te dar a escolha do que vai ser…

Abriu o zíper da bolsa, e me instigou a olhar dentro. E o que vi me deixou ainda mais excitada.

Eram...





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