Recordações

Estamos de frente uma pra outra, num bistrôzinho chique. A chegada já foi daquele jeito que estamos acostumadas, os garçons olhando duas vezes quando nos veem chegando de mãos dadas. É, somos um casal lindo demais.

Conseguimos uma mesa bem reservada, no cantinho mais escuro, quero ficar bem a vontade, hoje é nosso dia. Deixo você fazer o pedido, você ja me conhece tão bem, sabe o que eu pediria. “Sem cebola, e mal passado”.

O olhar volta pro meu, e nos damos as mãos de unhas bem feitas, as minhas brancas, as suas vermelhas, sobre a mesa.

Lá embaixo, você tirou o saltinho baixo e começou a roçar minha perna. Arranho o dorso de sua mão, louca pra avançar em você, e daríamos um show aqui mesmo, pra todo mundo ver.

Hoje faz um ano que namoramos. Nos encontramos no curso de arquitetura, e a iniciativa partiu de mim na época. Se eu soubesse com quem estava mexendo...

Lembro que a primeira coisa que reparei em você foi um tique de sempre arrumar o cabelo pra trás da orelha esquerda. Um movimento muito fluido, charmoso, que você sempre terminava acariciando a própria bochecha. Olha lá, você fez de novo aqui, na minha frente, rindo pra mim, sabe me provocar.

Outra coisa que reparei era a forma como mordia o lábio inferior, apenas um cantinho, quando tava concentrada. Esse lábio que eu mesma hoje mordo toda noite.

Consegui seu número com uma amiga sua, pedi por tudo que ela não te contasse que eu havia pedido. Mas me faltava o assunto. Comp começar a conversar com você assim, do nada? Mas a sorte me sorriu inesperadamente, quando você foi com a camisa de uma banda que eu simplesmente AMO, uma banda de rock progressivo da Romênia, que ninguém conhece.

E foi aí que eu terminei de ficar doidinha por você. Puxei conversa, fomos falando bem (e mal) de todas as faixas, uma a uma, a conversa evoluindo, passando a outras bandas, séries, filmes, etc. Até que eu fiz a sondagem que tava adiando, temerosa. “E aí, qual a última vez que foi no cinema com algum boy pra dar uns amassos?”. E eu nunca vou me esquecer a forma que você respondeu: “Boy? Gata, os carinhas não são meus alvos, são meus concorrentes”

Fiquei animada (e molhada) na hora. Me “revelei” pra você também, e a conversa começou a fluir pra terrenos cada vez mais perigosos. Fomos “dormir”, já tava bem tarde, tinha aula cedo no outro dia. Era só desculpa, eu (e hoje sei que você também) fui ouvir a nossa faixa preferida da banda enquanto fazia minha própria versão do “solo de guitarra”.

No outro dia, nos vimos na aula, a tensão tava tão forte quanto agora, eu cheguei a me sentir mais quente. Terminada a aula, eu saí quase correndo da sala, fui tomar uma água gelada. E chega uma mensagem pra mim: “Vem aqui na sala oito do bloco abandonado. Preciso falar com você mais de pertinho”. Me subiu o mesmo tipo de arrepio que tô sentindo agora, que seus pés estão no meu colo, brincando com meu umbigo por cima da camisa.

Pensei em recusar, em nem responder, mas quando dei por mim, mandei apenas um “a caminho”, e apressei o passo ao máximo. Queria você, precisava.

Cheguei, em frente à porta, arfando. Era minha última chance de desistir dessa loucura. Mas a porta abriu de repente, e você me puxou pra dentro, batendo a porta de forma definitiva.


Me entreguei ao momento, à você. Mas havia te deixado dar as cartas até ali, agora era minha vez. Te puxei de uma vez, fui te fazendo andar de costas quanto nos beijávamos. As mãos em seu cabelo, te fiz expor o pescoço e te marquei com um chupão, ouvindo sua gargalhada quando fiz isso. Abri o sutiã por baixo da camisa. Finalmente chegamos na mesa. Esperei você se sentar, me travar entre as coxas, e só então tirei a blusa, deixando você mesmo tirar o sutiã.

A pele quente, cheirosa, arranhei toda, você se agarrou em mim, querendo mais. Te suguei os seios, sentindo no esquerdo o tum-tum acelerado do coração. Subi pelo colo,  mordiscando, fui até a orelha, assoprei de leve.

-Quero essa boca em mim, me chupa gostoso, como você disse que sabe!

Me sentei eu na mesa, e você desceu, puxando uma cadeira e se sentando na minha frente. Puxou minha calça de uma vez, levando a calcinha junto. Me abriu bem as pernas, subiu beijando minhas coxas por dentro, vindo, chegando cada vez mais perto...

-Chegou. Eí tontinha, acorda, a comida chegou.

Pisco sem entender. À minha frente está o tornedor de filé com aspargos e batatas. Sem cebola, e deixa eu conferir, sim, mal passado. Te vejo comer um bocado do seu salmão, antes de perguntar:

-Tava pensando no quê?

-Na nossa primeira vez, na universidade.

-Sala oito

-Exato, sala oito

-E de que parte exatamente tava lembrando?

-Da hora que você se sentou na minha frente, e “provou do meu salmão”.

Caímos na risada juntas.

Você me dá aquele olhar de menina, apoia a mão sobre o garfo, e puxa pra trás, derrubando.

-Ops, que desastrada que eu sou. Vou ter que juntar, não é mesmo?

E se abaixou, entrando debaixo da mesa. Sinto subitamente suas mãos entre minhas coxas, forçando-as as se abrirem.

Me dá um beijo quente, molhado, por cima da calcinha e se afasta.

Mas não foi isso que aconteceu lá na sala oito. Lá, você pôde me beijar com vontade, agarrada às minhas coxas, tendo o cabelo bagunçado por mim, e tirando de mim gemidos que nem eu sabia que era capaz de dar

A língua hábil pressionou meu clitóris, fazendo uma pressão contínua, e um movimento muito suave que foi aumentando, e junto você foi me arranhando com força, agora era sua vez de deixar marcas. Como uma tigresa afiando as garras, puxou forte por ambas as coxas, causando ardor, enquanto a língua gostosa me deu o mais puro prazer. Me agarrei em seu cabelo, te trouxe mais pra mim, você agora em movimentos circulares.

“Isso, isso, isso”, era tudo que conseguia falar, antes de perder o ar, e te puxar pelo cabelo de uma vez pra me beijar, enquanto você apoiava o nó do dedo lá, fazendo pressão e não me dando descanso.

Me beijou docemente em meio aos meus espasmos curtos, e arrumou o cabelo com esse gesto tão lindo, tão seu, que fez parte da minha vida dali pra frente ao longo desse último ano.

Esse gesto que faz parte das minhas melhores recordações.



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