Cintura - Pt.7 (Final)

Seu toque vai subindo sutilmente. percebo não mais o dedo, mas a mão inteira espalmada em meu corpo. Vai subindo pela minha barriga até brincar com meu seio direito. Minha respiração se acelera, ele sente isso, e fecha a mão em concha, me sentindo. E do nada, de surpresa, sem aviso, um apertão no seio esquerdo. Abro a boca, o gemido alto me veio até a garganta, mas me contenho. Fico ofegando, e percebo que a pressão em meio seio não é de uma mão. É um daqueles grampos que eu vi na mesa, e que agora está em mim. Frio, ardor, dor. E tesão, muito tesão.

Ouço a espuma da poltrona voltando ao normal, porque ele se levantou. Vem atrás de mim, repousa o queixo no meu ombro, me abraça. O frio diminui, não saberia dizer se pelo calor dele, ou porque o meu começou a esquentar de novo. Do nada, mais dor. Sinto a mesma pressão no outro seio. As mãos descendo, até que param na minha cintura. Mordisca meu pescoço de novo. Respira fundo. Uma das mãos sai de mim.

Dor, muita dor. Dessa vez na cabeça, ele puxa meu cabelo, pra trás, me fazendo expor o pescoço e ficar com o rosto para o alto. Mantém a força no meu cabelo, e sobe a outra mão lentamente. Para entre os seios. E puxa forte o grampo do esquerdo. É demais pra mim, o corpo dele ali, o corpo todo dolorido, e agora essa nova sensação, não consigo resistir, e solto um ganido alto e agudo. Me esfrego nele, tentando atrair um pouco de compaixão, mas tudo que recebo é o que realmente mereço, ainda mais força puxando meu cabelo. Solta o grampo, para meu alívio, e a mão continua subindo, rumo ao meu pescoço. Sobe um pouco mais, prendendo meu maxilar.

-Você confia em mim?

-Uhum

Soltou minha boca por um momento. Deu um tranco no meu cabelo, e um tapa no meu rosto. Agarrou de novo o maxilar.

-Você confia em mim?

-S..sim senhor...eu confio...no meu dono...

A mão desceu para o meu pescoço, e começou a se fechar cada vez mais. Em meio à escuridão da venda, eu vi pontos brilhantes. O ar me faltou, a respiração impossível. Senti meu corpo perdendo as forças. Em um gesto desesperado, tentei puxar a mão dele de mim. Ele aumentou a pressão um pouco mais, e então me soltou.

Soltou meu cabelo também.

Deu dois passos para trás.

Se afastou de mim.

Silêncio.

Massageio o pescoço, e recupero o ar. Tateio, buscando-o. Eu fiz merda, de novo, eu não confiei nele, preciso se desculpar. Chego até a poltrona, ele não tá lá. Me viro, ergo os braços, e com muito cuidado, vou sentindo ao meu redor. Fico tentada a tirar a venda, mas se ele colocou em mim, devo ficar assim. Ando a esmo pelo quarto, até que encontro a parede. Sigo por ela, ao mesmo tempo em que aguço os ouvidos, andando bem devagar. Ouço o farfalhar de um tecido, e percebo que é na direção onde vi a cama. Vou para lá, ansiosa, passo as mãos pelos lençóis, mas não encontro nada. Até que...

Uma textura diferente, que não deveria estar ali. Couro. E metal. Uma coleira. Pego-a nas duas mãos. Cheiro. Beijo. Ponho em volta do pescoço. Engatinho pela cama, tão quente e aconchegante, e eu já estou tão cansada, a tentação é grande. Mas não, devo encontra-lo, devo pedir seu perdão, e me submeter a qualquer punição que ele queira, porque eu mereço.

Desço pelo outro lado da cama e continuo procurando. Bato a coxa marcada no canto do criado mudo. Berro de dor, sinto lágrimas me queimando os olhos. Mas eu mereço, se não fosse tão teimosa ele estaria comigo, me guiando.

Mais além, encontro a mesa. Passo a mão sentindo a frieza dos metais, a maciez dos couros. Encontro o cabo meu velho conhecido, o chicote. Passo o dedo delicadamente por toda a extensão, sinto as marcas de dente que deixei ali. Preciso provar que sei fazer diferente, melhor. Ponho na boca outra vez, salivando, querendo que ele venha pegá-lo de mim para finalmente me punir, porque eu mereço. Mas ele não vem.

Sigo andando, encontro aberta a porta do banheiro. Entro, aspiro aqueles cheiros, e com as mãos busco seu calor, mas chego até a banheira e nada dele. Decido me molhar de novo, para me punir com mais frio. Num último instante fugaz, me lembro de não molhar o chicote, e deixo-o apoiado na pia. Entro na água, já batendo os dentes por antecipação, sei o quanto meu corpo vai sofrer, mas eu tenho que passar por isso. Eu mereço.

Um pé, depois o outro. Apoio as mãos na lateral e me sento outra vez ali na louça gelada, envolta em água. Tomo cuidado para não molhar o rosto, afinal ainda estou vendada. Estou apenas com a cabeça fora da água, quando de repente...

-Senhor? Está aqui?

Eu poderia jurar que ouvi um som muito leve de um passo atrás de mim, por isso chamei. Me levanto depressa, vou até a porta do banheiro, mas ele não está ali. Quase saindo, me lembro do chicote. Volto, usando a parede para me guiar até a pia. Não está mais ali. Não foi coisa da minha cabeça, ele veio aqui.

Volto para o quarto, o tecido do frio me envolve de novo. Ouço um barulho ritmado, baixo, mas percebo que são meus dentes batendo, e os controlo.  Recomeço minha busca. Ouço um som baixo de respiração, e dessa vez com certeza não é o meu. Vem da direção da poltrona. Me encho de expectativa. Achei. Finalmente serei punida, do jeito que eu mereço.

Vou até lá tão rápida quanto consigo, outra vez debaixo do climatizador, tremendo de frio. Estendo os braços, buscando-o, mas o movimento é interrompido com uma chicotada curta na coxa, bem na marca. Travo, num misto de dor e alegria. Achei.

Me ajoelho diante dele, abraço suas pernas, me deito em seu colo. Beijo sua coxa, sinto seu cheiro. Repouso a cabeça ali, e tiro delas o calor que meu corpo frio precisa.

Um toque. Outro. Não é a mão dele. É o chicote, passeando em minhas costas. Abraço mais apertado suas pernas, afago a bochecha na coxa, e sorrio. Finalmente, vou ter o que mereço.

O golpe vem, forte. Com o susto, eu fecho mais os braços, dando um tranco nele, mas não falo nada. Mais um, o som enchendo o ambiente, ele bateu mais abaixo, no começo da bunda. Outra vez, forte, intenso, do jeito que eu mereço, não, do jeito que eu quero, agora bem acima, quase que na nuca. Uma pausa.

E a dor volta, excruciante. Ele bateu na coxa, bem na marca. Trinco os dentes, não deixo o grito sair, mas quando dou por mim estou chorando, a ponto de soluçar. Ouço um som ao meu lado. Ele deixou o chicote cair no chão. As duas mãos vem agora, carinhosas, enxugando minhas lágrimas, fazendo um afago na cadelinha chorona. Desce para o pescoço, e aperta mais a coleira. Volta a fazer carinho. Envolve a mão em meus cabelos, tirando a venda. Abro os olhos, erguendo o rosto. Ele olha pra mim, os dois polegares ainda enxugando minhas bochechas.

-Vou te dar mais uma chance. Você vai saber aproveitar?

-Sim senhor.

-Vá guardar as coisas. A coleira também. De pé.

Peguei a venda, o chicote ao lado da poltrona, e fui obediente até a mesa. Depositei ambos com cuidado, tirei a coleira, coloquei bem esticada na mesa, do jeitinho que eu havia visto no começo da noite. Me viro pra voltar até ele quando...

-Não está se esquecendo de guardar nada?

Me dou conta que ainda estou usando os grampos nos seios. A dor chegou num ponto em que eles ficaram anestesiados, mas a dor vai voltar agora. Ele sorri pra mim, me encoraja. Pego primeiro o esquerdo, a mão trêmula, e abro. Dou um beijo, e coloco na mesa. Num primeiro momento não sinto nada. Mas a circulação vai voltando, e vem um leve formigamento. Crescente. Me apresso em tirar o outro, antes que eu perca a coragem, e acabe sendo teimosa de novo. Os dois começam a queimar, mas de leve, nem de longe é a dor que eu esperava sentir.

Volto até ele. Fico parada à sua frente. Faz um gesto, ordenando que eu me vire de costas. Ambas as mãos percorrem minhas costas, e param na bunda. Ficam simplesmente ali. Até que apertam, com força, trazendo de volta a dor de cada deliciosa chicotada que levei essa noite. Me gira de frente para ele de novo. Faz um gesto de convite. Quer que eu me sente em seu colo, montada nele. Obedeço, levantando as pernas devagar por causa das dores. Ele me ajuda, espalmando as mãos em minhas costas e me puxando pra si. E me abraça, muito apertado, despertando a dor adormecida dos meus seios.

Dou um grito involuntário, não teve como reprimir, doeu realmente demais. Ele me bate no rosto, uma, duas, três vezes, me quer quietinha. Sorri por um segundo, me afasta um pouco de si e desce a boca. Morde o bico do meu seio esquerdo. Aperto com força os braços da poltrona, mas não deixo que saia nenhum som. Ele lambe suavemente, fazendo voltas no bico, mas sua língua úmida mais parece brasa, de tanta dor. Respiração descompassada, tesão à flor da pele, quando ele me levanta, e espera que eu mesma o ponha dentro de mim. Desce devagar, me faz curtir o momento. Muda para o outro seio, nova onda de dor, agora maior porque eu também estou me projetando no rosto dele, rebolando, sentindo-o todo aqui, sentindo o seio em brasa, sentindo suas mãos em minha cintura, sua boca alternando entre meus seios, minha coxa em carne viva esfregando na dele, o prazer subindo e se esvaindo, cada vez mais rápido e mais intenso, se acumulando numa crescente irrefreável, eu não ligo se minha bunda dói cada vez que deixo meu peso cair, apenas quero mais e mais, rebolo com todas as forças que me restam, o abraço junto a mim, mais dor e mais prazer se misturando...

Ele me ergue de uma vez. Espera que eu me recomponha da frustração por um momento, e me faz ficar de pé. Ele mesmo se levanta, me toma pela mão, e me leva pra cama. Me faz subir nela, agora sem nada impedindo minha visão, vejo que há um pano cobrindo a cabeceira. Ele sinaliza pra mim que o puxe. Obedeço, e ao fazê-lo, vejo meu rosto. Entalhado no meio, há um espelho oval. Ele se deita sobre mim, me penetrando por trás. Enrola a trança em torno da mão, e puxa, quer que eu veja o quando estou entregue, e a quem estou entregue. Sem falar mais nada, me fode, como eu preciso, o corpo dele batendo no meu reaviva as dores, meus seios esfregando nos lençóis, que pareciam tão aconchegantes, agora só trazem dor, a dor que eu mereço. Ele põe a outra mão no meu pescoço, sei o que vai acontecer. Me agarro nas barras da cama, não vou errar de novo, vou ser obediente, vou ser a submissa que ele quer. 

Aperta. Minha garganta começa a raspar, minha respiração se torna difícil, as dores no corpo aumentam.

Aperta mais. Visão turva, oscilante, ele me fode agora com força, mas o único som que escuto é sua respiração.

Mais forte. A dor sumiu. Vejo ao longe que meu rosto está vermelho. Minhas mãos perdem a força, agora estão inertes.

Prazer. Repentino, como uma explosão, eu gozo, vendo no rosto refletido dele que ele também veio junto comigo, e fico feliz por finalmente ter agradado meu dono.

Apago. Tenho sonhos confusos, lembranças dessa noite tão incrível, que se misturam com a sensação de que ele me fez carinho por um bom tempo antes de adormecer ao meu lado.

Acordo ainda deitada de bruços. Sinto meu corpo todo. A bunda dolorida. As costas. Os seios. A coxa ferida. O pescoço. Mas sinto também que ele está aqui do meu lado dormindo. Pertinho de mim.

 A mão na minha cintura.

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