A sós

Faltam cinco minutos pras nove da noite, estou contando cada segundo. Você me mandou uma mensagem avisando que estava chegando, que queria “me ver”. Sei bem como. Também tô com saudade de “vê-lo “. Disse à minha família que estou um pouco indisposta. Minha irmã um ano mais velha entendeu mais ou menos o que se passava, mesmo eu não dando o menor sinal, e piscou pra mim, como quem diz: “vou te acobertar, relaxa”. Ergui pra ela um canto de boca, e subi a escada, vindo para meu quarto. Imediatamente debaixo de mim, se ouvia a televisão e um ou outro comentário dos meus pais ou da minha irmã. E então ouço um baque surdo. Confiro o relógio. Falta um minuto para as nove horas. Espio pela janela e confirmo, o barulho foi de você pulando o muro

Me olha pela janela, perguntando mudamente como vai fazer pra chegar até mim. Te aponto um trecho de parede onde sei que, encoberta pela escuridão, há uma escada. Num arroubo de inspiração, peço pra você esperar um pouco. Mando uma mensagem pra minha irmã, peço pra que ela vá fazer uma pipoca no microondas. Quando começa a estourar, te faço um ok, e você movimenta a escada rapidamente, aproveitando o disfarce. Escala depressa e silenciosamente, e eu me afasto pra te dar passagem. Pronto, você está aqui.

Nós abraçamos apertado, sentindo o cheiro, o calor, a presença um do outro. Me vira de costas, cola o corpo no meu. Sinto seu tesão por mim. As respirações descompassadas. Mordisca meu pescoço. Pergunta baixinho:

-Quanto tempo temos?

-Não muito, eu falei que tô mal, talvez mamãe venha me ver.

- Você parece tá passando mal mesmo, tá se tremendo todinha.

-Palhaço!!

 Falo dando risada, você sabe bem porque estou tremendo. Levanta minha camisola branca, com rendas na barra, jogando pro lado. Por baixo já estou nua. Aperta minha bunda com uma mão. Travo um suspiro de prazer. Vamos andando juntos, você colado em mim, até chegar na cama. Me roda e me joga na cama, de barriga pra cima. Te chamo, mas você faz que não. Abre minhas pernas com violência e se inclina pra me beijar ali.

Quando vou te dizer pra vir logo, que não temos tempo, a porta do quarto se abre.

Você e eu congelamos no ato, assustados

Uma cabeça cabeluda entra pela porta, e pra meu alívio, é a voz da minha irmã que eu escuto:

-Mamãe mandou ver se minha maninha precisa de alguma coisa

Você ri de nervoso e de alívio. A mana vê a posição em que você está e segura uma gargalhada:

-Pelo visto você vai ganhar um beijinho pra sarar. Aproveita gatinha!

Encosta a porta com cuidado.

-Adoro minha irmã

-Eu também. Ei!!

A reclamação foi porque te dei um chute de leve por causa do comentário. Olha pra mim de novo, a excitação voltando:

-Onde estávamos?

- Você ia me dar um beijo pra sarar.

Se ajoelha ao pé da cama, e me puxa de encontro ao seu rosto. Pego um pego uma pelúcia da cama pra morder, sei que vou precisar, e faço uma coisa que você adora: cruzo as pernas ao redor do seu pescoço. Sinto sua boca me beijando ali, onde estou tão quente, tão úmida, com toda a delicadeza do mundo, me sentindo, me saboreando. A pelúcia sofre em meus dentes, e minhas coxas sofrem em suas mãos. Sentindo a urgência do tempo, sobe me beijando toda, se demorando por um instante a mais nos meus seios. Continua subindo, beija meu pescoço, tomando cuidado pra não deixar marcas. Eu por outro lado te dou um belo chupão, ao que você reage rindo, sabendo que faço isso por ciúmes, pra todas verem que você é meu. Uma de suas mãos abandona meu corpo e mexe rapidamente na bermuda. Toca em mim com “ele”, parado na entrada. Cola a testa na minha, tampa minha mão com a boca, me olha nos olhos. E desce de uma vez, me abrindo as carnes com seu desejo, apreciando cada nota do meu gemido surdo.

-Shhhhh!

Estende a mão pra cabeceira da cama, conferindo a firmeza:

-Pro seu azar minha gostosa, sua cama é bastante forte.

Tampa minha boca de novo, sei o que vai fazer. Vai me foder, como eu gosto, como eu quero, como eu preciso. E vem, de novo, de novo, e mais uma vez, e mais outra, impondo seu ritmo, já suando sobre mim, os dentes travados, pelos quais o ar vem quente em meu rosto. Sinto você dentro de mim, me preenchendo tão completamente quanto eu poderia querer... E seu olhar, deuses, seu olhar como de um animal louco, guiado apenas pelo instinto, o instinto de possuir sua fêmea, mas ao mesmo tempo tão terno. Me agarro em sua camisa empapada de suor, te incentivando, quero mais, quero tudo, assim, mais, mais, mais! Tiro sua mão da minha boca, e te beijo, gritando meu gozo dentro da sua boca, os olhos arregalados. Te trago junto comigo, te sinto pulsar enquanto diminui o ritmo, ambas as mãos agora em meus cabelos, a boca na minha, o beijo ofegante...

Relembramos essa história anos depois, em NOSSA casa, na NOSSA cama. Como não podia deixar de ser, o tesão toma conta de novo, pela terceira vez essa noite, e agora eu que vou por cima. Aqui não tem o medo de sermos interrompidos por ninguém. Aqui, o barulho não será um problema. Aqui, estamos a sós.

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